A eleição se aproxima e, mais uma vez, os partidos de aluguel fazem fila na porta do Palácio dos Leões. Para Sarney, o que, aliás, foi repetido reiteradas vezes, não são partidos; são cartórios de registros de candidatos. E ele está certo quando considera simplesmente inacreditável o número de siglas partidárias existente no país: trinta e duas.
Veículos da família Sarney e simpáticos anunciam que o pré-candidato Edinho Lobão já tem 16 partidos na sua coligação. Esquecem as chocantes palavras do próprio líder do governo Roseana, deputado César Pires, de que partidos menores vendem vagas. Está certo também e o mundo político inteiro sabe disso.
Sarney, que costuma reunir em torno de seus candidatos os décimos de segundo que cada uma destas siglas garante na propaganda eleitoral, entende que a democracia – palavras dele  só funciona com um parlamento de quatro ou cinco partidos, legítimos, programáticos, com representatividade.
Em geral, quando um desses partidos elege um candidato, imediatamente ele pula para um partido mais forte e mais alinhado ao governante. Isso também tem um preço e é feito através de negociações às escuras nas quais todo mundo ganha e somente o povo perde.
Vê-se logo o quanto é fundamental uma reforma política neste país. Sarney também é adepto da extinção das coligações partidárias para deputados federais, estaduais e vereadores. É parte de uma corrente que defende que as coligações proporcionais, além de episódicas e incoerentes, incentivam o mercado de aluguel de siglas, desqualificam o voto de legenda e alteram a vontade do eleitor.
No caso do Maranhão, o único partido legítimo e programático que ainda discute a possibilidade de se coligar ao PMDB é o PT. Não vale, pois um partido que tem Lula como protagonista não é um partido; é uma caverna de Ali Babá, onde todos, o tempo todo, gritam “Abre-te Césamo”!
É, de fato, inadequado chamar de democracia um regime em que alguém com uma pasta de papelão debaixo do braço chegue à presença de qualquer que seja o candidato e diga: “Meu partido tem 12 segundos na televisão. Isso vale quanto?
Infelizmente, Sarney costuma dizer uma coisa e fazer outra, dependendo de onde está, pois ao tempo em que defende em Brasília uma reforma política que fulmine os partidos de aluguel, no Maranhão alia-se com todos eles pagando.
Perde a democracia que se sustenta em partidos ideologicamente funestos, sem programa e sem princípios, ilegítimos por origem e à venda para quem der mais. É esse tipo de partido político que Sarney escolhe para apoiar os candidatos que lança nas disputas.